Taylor Swift não tem tido uma relação fácil com os media. A cantora e compositora norte-americana foi tema nos tablóides inúmeras vezes ao longo dos anos, com a sua vida pessoal a ser o principal tema de escrutínio da imprensa internacional, mais precisamente no que diz respeito às relações amorosas.
Conhecida pelos seus namoros fortuitos com estrelas do cinema e do panorama musical, Swift, de 30 anos, ganhou uma certa fama de “maneater” (ou “devoradora de homens”, em tradução livre) por terminar relações sucessivamente apenas para escrever uma música sobre o ex e passar rapidamente para o próximo.
“Last Kiss“, “Back To December“, “Dear John“, “The Last Time“, “I Knew You Were Trouble” e “We Are Never Ever Ever Getting Back Together” são apenas alguns dos hits da cantora que, acredita-se, foram inspirados em namoros falhados — nestes casos concretos, por Joe Jonas, Taylor Lautner, John Mayer, Jake Gyllenhaal, Harry Styles e Calvin Harris, respetivamente.
A sua imagem foi ilustrada pela imprensa a partir de um ângulo tendencialmente negativo: Taylor Swift é “irritante”, tem “demasiadas amigas que são modelos”, “faz-se a todos os homens” e é “demasiado magra”.
Não é difícil perceber os motivos que levaram a artista a optar por se afastar dos grandes meios de comunicação com o passar do tempo, servindo-se antes das redes sociais para transmitir mensagens aos fãs, muitas vezes codificadas, sobre o que poderiam esperar do si e do seu trabalho.
No entanto, isto parece ter mudado com o lançamento do seu mais recente álbum — o sétimo de estúdio — “Lover”, em agosto do ano passado. Durante a promoção do trabalho, voltou a dar entrevistas, depois de três anos a recusar convites, nas quais decidiu falar abertamente sobre as suas visões políticas (anti-Trump) e a descida de popularidade que sofreu nos últimos anos.
Com o lançamento de “Miss Americana” na Netflix esta sexta-feira, 31 de janeiro, vemos esta tendência manter-se. O documentário pretende ser uma visão intimista sobre Swift e as batalhas que travou para mudar a sua imagem, chegando mesmo a passar um ano inteiro “sem ser vista por ninguém”.
Realizado por Lana Wilson, este trabalho segue-a numa fase especialmente dramática, em que se tornou público o conflito entre a cantora e o casal Kim Kardashian e Kanye West.
Fiel ao estilo de Swift, a produção do documentário secreto esteve envolta em mistério desde o início. Nele, poderemos ver imagens inéditas da sua vida e testemunhos sentidos em primeira mão, nos quais desabafa sobre os “haters”, a pressão dos media e a forma como as editoras discográficas tentaram vendê-la como “uma boa menina” no início da sua carreira.
“Miss Americana” mostra ainda a desilusão da artista ao descobrir que o seu último álbum, “Reputation”, não foi considerado para grandes categorias dos Grammy Awards e a forma como se sentiu em momentos marcantes da sua carreira, como no fatídico episódio de 2009 em que subiu ao palco dos VMAs e foi surpreendida por Kanye West, que lhe tirou o microfone da mão quando estava a aceitar o derradeiro prémio da noite.
Outro momento importante no documentário vem quando a cantora declara que vai passar a assumir as suas visões políticas, culminando numa discussão intensa com o seu pai, que desabafa estar “aterrorizado” com as potenciais consequências de ver a filha opor-se publicamente a Donald Trump.
Apesar de se desenrolar em torno de situações maioritariamente pesadas, a revista “Variety” defende que “Miss Americana” acaba por terminar numa nota positiva, mostrando a forma como Taylor Swift conseguiu ultrapassar as inseguranças em torno da sua imagem pública e transformá-las num veículo para fazer ouvir a sua voz.