Todos os dias faço uma interminável viagem de autocarro durante 40 minutos entre Torres Vedras, onde moro, e Lisboa, onde trabalho. Apesar de ser uma pessoa simpática (sim, sou mesmo), não tenho grande paciência para falar sobre o tempo com as pessoas que se vão sentando ao meu lado. Ou seja, a minha rotina tinha tudo para ser um problema grave na minha vida. Mas não é. Tudo graças à aplicação da Netflix.
Eu chego ao autocarro, sento-me, tiro os phones, ligo o telemóvel e pronto. 40 minutos? Maravilha, é mesmo o tempo que eu preciso para ver um episódio da minha série favorita. Foi assim que vi, por exemplo, as duas temporadas de “Stranger Things“. Um episódio de manhã, outro ao final da tarde. E tenho que admitir — quando apareciam os Demogorgon até dava um pulo na cadeira. Depois voltava ao mundo real e lá estava o passageiro do lado a olhar para mim com cara de preocupado.
Agora estou a rever o “How I Met Your Mother“, o que me tem deixado naquela situação embaraçosa de me rir sozinha à gargalhada rodeada de pessoas estranhas. Na semana passada o passageiro rotativo que se vai sentando ao pé de mim espreitou para o meu telemóvel e começou a rir. “Esse episódio é brutal”. Acabámos por ver o episódio até ao fim em conjunto. Não por minha vontade, mas porque ele nunca mais tirou os olhos do ecrã do meu telemóvel. E lá foi ele, todo contente, a rir-se mais alto do que eu daquela slap bet entre o Marshall e o Barney.
Esta é a parte em que o leitor pergunta: “Mas que pacote de dados é que esta mulher tem para poder ver séries assim no telemóvel?” Um banal, igual ao de toda a gente. Aliás, eu nem sequer gasto um único dado móvel na aplicação da Netflix. Basta ligá-la quando tenho uma rede wifi e descarregar durante aqueles minutos os episódios ou os meus filmes favoritos para o smartphone ou tablet. E já está, posso ver tudo quando quiser, onde quiser e como quiser. Sempre em modo offline.
Esta funcionalidade da aplicação é perfeita para mim, que passo horas em transportes públicos rodeada de estranhos. Mas também pode ser usada quando vamos para a praia com a avó que só fala da vizinha da prima do cunhado que comprou um cão, para a piscina com a prima que só quer brincar com as bonecas ou naquelas tardes em que nos apetece simplesmente deitar na relva do jardim para a mãe não nos obrigar a meter a mesa para jantar.