Uma gravidez anunciada numa cirurgia, uma adolescente toxicodependente à solta, um cancro praticamente incurável, pernas esmagadas, um transplante que corre mal, um cirurgião e um interno enrolados numa ambulância, uma tempestade que transforma o hospital de Seattle num caos. “Anatomia de Grey” voltou cheia de ritmo mas, sinceramente, não estou impressionada.
“Shelter From the Storm” — transmitido esta quarta-feira, 23 de janeiro, pela Fox Life — marcou o regresso da série após uma pausa de mais de dois meses e retomou a história exatamente onde ela tinha ficado. Há drama distribuído por três elevadores porque, bem sabemos, é aí que acontecem todas as coisas importantes desta história.
Presos no elevador, parte 1
Miranda Bailey e Helm transportam Phoebe, a paciente que está em morte cerebral mas tem os órgãos para Cece. A estagiária começa a entrar em pânico e não pára de mencionar a possibilidade da queda do elevador e enumera todos os cenários macabros que consegue imaginar. O que ela não sabe é que está a empurrar Bailey para um colapso nervoso, que ela já anda a roçar há semanas. Passou o cargo a Karev para se livrar do stress, mandou Ben sair de casa porque não conseguia lidar com a imprevisibilidade da nova vida de bombeiro do marido mas nada disso ajudou, claro.
Do outro lado das portas aparecem Link, Qadri e Jackson, que acaba de saber que a mãe tem um cancro raro e basicamente impossível de tratar. Ele precisa de partir alguma coisa e o melhor é tentar arrombar o acesso ao elevador. Jay, o tipo da manutenção que está farto de dizer a Richard Webber que não consegue fazer mais para resolver o caos, junta-se ao grupo quando sabe que os órgãos são para Cece. Afinal, foi ela que o juntou à atual namorada, uma enfermeira.
Toda a gente consegue sair do elevador mas ele fica para trás. Nós já te conhecemos bem, “Anatomia de Grey”, sabemos que vem lá drama do bom e à moda antiga. Jay está a trepar para fora do elevador no exato momento em que este volta a funcionar e começa a descer. Resultado: pernas esmagadas e partidas em mil sítios. A cena é horrível para o pobre Jay mas incrível para o bem da história — foi o único momento que me fez sair do estado de apatia que o episódio desta semana me provocou.
Link — a quem até podem chamar “Deus da orto” mas que nunca será tão badass como Callie Torres — vota na amputação. Jackson, que se sente impotente perante as notícias recentes, quer fazer tudo para salvar este homem. O plano resulta, Jay vai recuperar e é o único consolo que este episódio nos dá — já que Cece não sobrevive à operação. No final desta sequência intensa, “Anatomia de Grey” oferece-nos um momento avassalador quando Miranda Bailey se deixa desmoronar abraçada a Alex Karev. É uma pena que ela tenha perdido importância ao longo dos anos. Continua a ser uma das personagens mais genuínas e interessantes e uns segundos no ecrã são suficientes para prová-lo.