Fez obra no início do século XX, ao lado de Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros, os pioneiros do futurismo e modernismo em Portugal. Mas o trabalho de Guilherme de Santa Rita — sob o nome artístico Santa Rita Pintor — não ficou para a história como o dos seus pares. E por motivos óbvios.
Santa Rita Pintor morreu aos 28 anos com uma tuberculose pulmonar, mas antes pediu a um dos seus irmãos que queimasse todo o seu trabalho. Não queria que ficasse nada para mostrar. Apesar disso, algumas peças escaparam às chamas e hoje são ícones na história da pintura portuguesa.
Uma nova exposição, inaugurada no Museu da Guarda esta quarta-feira, 7 de novembro, mostra três desenhos inéditos do pintor. Todos foram criados em 1914 em Paris, em França, cidade onde Santa Rita Pintor viveu e expôs regularmente durante a sua curta carreira.
Uma destas raridades demonstra perfeitamente a proximidade com a escola modernista. Os outros dois são autorretratos do artista. Podem ser vistos no “3.º Salão de Outono — Aberto para Obras”, que este ano destaca o futurismo e surrealismo nacional e reúne obras de outros artistas.
Pode ser visitado até 8 de janeiro e a entrada custa 2€, sendo que é grátis aos domingos e feriados até às 14 horas. Foi pensada pelo investigador Fernando Rosa Dias e pelo diretor do museu, João Mendes Rosa.
Estas três obras inéditas — as grandes atrações da mostra coletiva — foram compradas em 1958 pelo colecionador António Francisco Marques a outro pintor, José Campas, que tinha trabalhado com Santa Rita. Foram os herdeiros que permitiram que elas fossem expostas precisamente 60 anos depois da aquisição. A exposição também inclui o quadro “Orpheu nos Infernos”, um dos poucos que restaram e que já era conhecido. Faz parte da coleção privada do empresário Armando Martins.
Além destes trabalhos, existem alguns desenhos na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, e as peças que foram publicadas nas revistas históricas “Orpheu” e “Portugal Futurista” e que por isso não conseguiram ser destruídos. A obra mais conhecida de Santa Rita Pintor, porém, é “Cabeça”, que se pensa ser um retrato a um dos irmãos do artista, Augusto de Santa Rita. Faz parte da exposição permanente do Museu do Chiado.
Guilherme Augusto Cau da Costa de Santa Rita nasceu em Lisboa a 31 de outubro de 1889. Este ano celebram-se os 100 anos da sua morte, também na capital portuguesa. Formou-se na Academia Real de Belas Artes e foi o Estado português que lhe garantiu uma bolsa para partir para Paris em 1910. Só voltou quatro anos depois, já com nome e obra feita.