“Tenho de mostrar isto no Brasil”, dizia Samuel Rosa em 2008 a um Parque da Bela Vista a transbordar de gente que acompanhava o vocalista e sabia todos os temas de Skank de cor.
Do Rock in Rio em Lisboa para a mais recente edição no Brasil — que acontece de 15 a 17 e entre 21 e 24 de setembro — passaram quase dez anos. Nem por isso o sucesso da banda criada nos anos 90 esmorece. Apesar de, este sábado, 16, terem inaugurado o palco mundo, o público brasileiro juntou-se religiosamente para cantar “Futebol”, “Gosto Dela” ou “Garota”.
A NiT está no Rio de Janeiro a acompanhar o festival e ficou com saudades de ver a banda em Portugal. Foi exatamente isso que lhes dissemos logo após a atuação, numa conversa de cerca de três minutos que não deu quase para mais nada.
Ainda assim, a memória dos quatro membros do grupo (Samuel Rosa, Henrique Portugal, Haroldo Ferretti e Lelo Zanetti) é tão boa que se lembram até dos nomes dos festivais portugueses nos quais atuaram na década de 90. Leia a entrevista aos Skank.
Depois de um concerto destes, assim que se acaba a última canção, o que é que fica?
Samuel Rosa: O que acontece num festival é que os concertos têm um horário limitado. Quando nós subimos ao palco num concerto nosso, ficamos umas duas horas, tudo tem uma dinâmica. Às vezes comparo um concerto a um encontro entre duas pessoas. Ao início há um estranhamento, por mais que a banda seja conhecida, com temas conhecidos, ninguém sabe o que vai sair dessa noite. Nestes espetáculos de uma hora o que acontece é que, no momento em que estamos lá no alto, tudo para, acaba. Essa é a sensação, uma coisa interrompida. Nós desenhámos o repertório para ter início, meio e fim mas uma hora para uma banda que tem 25 anos de carreira é muito pouco.
E para os fãs também é muito pouco.
SR: Pois é, e nós tivemos de tirar temas da setlist. Queríamos mas não deu para cantar.
“Um concerto dos Skank ou acaba muito bem ou muito mal, não fica zero a zero”
Falou do tal encontro entre duas pessoas. Qual foi, até hoje, o mais difícil de todos?
Henrique Portugal: Quando estávamos no auge de “Garota Nacional”, fomos para Portugal, para o mundo inteiro. Em Agen, no interior de França, vimos uma separação na plateia, a história da diferença de culturas. A história dos franceses, dos emigrantes, são coisas a que não estamos habituados aqui.
SR: Eram árabes e ciganos.
HR: Aqui está tudo misturado mas toda a gente convive.
O que é que notavam de diferente neles?
HP: A história do nosso espetáculo é que em cada atuação tentamos conquistar a plateia. Essa é a parte boa. Como dizia o Samuel há pouco, é a história do zero a zero.
SR: Um concerto dos Skank ou acaba muito bem ou muito mal, não fica zero a zero.
HP: Temos de marcar um golo. Então, vamos fazer uma goleadazinha.
O público português já tem saudades de vos ver.
SR: E nós também, estamos cheios de vontade de voltar. Acho que o último concerto foi no Rock in Rio, em 2008.
HP: Também tocámos num que se chama Delta.
SR: Delta Tejo.
Haroldo Ferretti: Foi num parque lá em cima muito bonito.
SR: Monsanto. Tocámos n Sudoeste também e no Super Bock Super Rock nos anos 90.
Passaram por alguns dos festivais mais importantes.
HF: Pois é, a gente queria muito voltar.
Temos de fazer um pedido especial ao Rock in Rio para vos levar lá em 2018?