O baixo alemão Kurt Moll, que se destacou na interpretação de óperas de Mozart, Wagner e Richard Strauss, morreu no domingo passado, dia 5, aos 78 anos, por doença prolongada.
O diretor artístico da ópera da Baviera, Nikolaus Bachler, referiu-se à morte do baixo alemão como “uma grande perda para a ópera estatal da Baviera e para todos os seus colegas, para o seu público, para a Alemanha e para o mundo”. “Kurt Moll ressuscitou como nenhum outro intérprete os grandes papéis de baixo das óperas de Wagner, Mozart e Strauss”, acrescentou Bachler.
Nascido a 11 de Abril de 1938, em Buir, perto de Colónia, Kurt Moll foi um dos baixos mais vezes distinguidos pela crítica, durante os cerca de 50 anos da sua carreira. Iniciou-a em 1967, na Ópera de Colónia, mas a estreia efetiva aconteceria um ano depois no festival wagneriano de Bayreuth, no papel de guarda-noturno em Os Mestres Cantores de Nuremberga.
A sua voz, negra e grave, foi várias vezes mencionada como “a voz de Deus”. De acordo com a tradição dramática alemã, com origem na oratória barroca, os papéis de Jesus e de Deus são normalmente desempenhados pelas vozes mais graves, de baixo ou de baixo-barítono.
Kurt Moll atuou por diversas vezes em Portugal, nomeadamente nos ciclos de canto das temporadas de música da Fundação Calouste Gulbenkian, e no Teatro Nacional de São Carlos (TNSC). Em 2004, dois anos antes de se retirar dos palcos, atuou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no âmbito da temporada sinfónica do São Carlos, como solista da Missa Solene, de Beethoven, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do TNSC dirigidos pelo maestro Zoltán Peskó.