Rumores de um novo álbum surgiram no final de 2016 e chegou a ser divulgada uma lista falsa de faixas. Mais notícias em fevereiro de 2017, e depois em março, garantiam que o trabalho estava para breve. Não estava. Eminem não teve pressa de voltar mas “Revival”, o nono álbum de estúdio, é finalmente editado esta sexta-feira, 15 de dezembro.
Foi, contudo, libertado ilegalmente online dois dias antes. Tem 19 temas, colaborações com Beyoncé, Pink, Ed Sheeran e Alicia Keys e as expetativas são muito altas. As gravações começaram em 2016 e passaram por vários estúdios. O disco é o sucessor de “The Marshall Mathers LP 2”, de 2013, e acaba com a segunda pausa mais longa na carreira do rapper.
A primeira aconteceu entre “Encore” (2004) e “Relapse” (2009), período em que voltou a casar e a divorciar-se da ex-mulher, perdeu o melhor amigo e quase morreu com uma overdose de metadona. Quem ajudou a salvá-lo foi Elton John, que conheceu em 2001 no pico da sua fama.
Para trás estavam os aclamados “The Slim Shady LP” (1999) — cujo primeiro single, “My Name Is”, fez de Eminem uma estrela em pouquíssimo tempo —, “Marshall Mather’s LP” (2000), que vendeu quase dois milhões de cópias na primeira semana, e um primeiro trabalho (“Infinite”, 1996), a que poucos ligaram.
Entre 1999 e 2005 lançou cinco álbuns e vendeu perto de 50 milhões de exemplares. Os conflitos com a mãe e com a ex-companheira foram várias vezes detalhados pelo próprio nos seus textos mas o que andou Eminem a fazer quando desapareceu da lista dos nomes mais falados da música?
Tudo começou com cansaço e falta de rumo
Em 2005 começou a dizer-se que o rapper queria terminar a carreira de seis anos. Em dezembro desse ano editou “Curtain Call: The Hits” e numa entrevista ao programa de rádio “Mojo in the Morning” explicou que não sabia bem o que iria fazer a seguir.
“Estou num ponto da minha vida em que sinto que não sei para onde vai a minha carreira. É a razão pela qual lhe chamámos [ao álbum] ‘Curtain Call’, porque pode ser a última coisa. Não sabemos.”
Depois começou uma tournée pelos Estados Unidos mas acabou por cancelar a passagem pela Europa para fazer reabilitação. Era dependente de um medicamento para dormir.
A perda do melhor amigo
Além dos problemas relacionados com a mãe da filha — voltou a casar com a ex-mulher, Kim Scott, em 2006 para se divorciar (mais uma vez) poucos meses depois —, houve um evento traumático que prolongou a pausa na carreira. Em abril desse ano, o melhor amigo, DeShaun Dupree Holton (conhecido também como rapper Proof), foi morto em Detroit.
“Já tinha lidado com a morte na minha família — dois dos meus tios suicidaram-se — e isso tirou pedaços da minha vida. Depois da morte dele, passou um ano até eu conseguir fazer algo normal novamente. Era difícil sair da cama sequer, quanto mais escrever uma rima”, contou numa entrevista.
Durante dois anos mal saiu da sua mansão em Clinton Township, nos arredores de Detroit.
Comprimidos e junk food
As drogas de eleição eram os medicamentos, como Vicodin, Ambien e Valium. Largou os vícios pela primeira vez em 2002 mas durante as filmagens de “8 Mile” trabalhava 16 horas por dia e começou a ter insónias. Um amigo deu-lhe Ambien, um medicamento, para experimentar. Seguiram-se outros e para gravar “Encore” chegava ao estúdio com os bolsos cheios de comprimidos.
“Conseguia consumir desde 40 a 60 Valiums [por dia]. Vicodin, talvez 30”, disse numa entrevista. Depois começou a comer como um louco e chegou a pesar 100 quilos.
“Os miúdos atrás do balcão já me conheciam — e nem sequer lhes fazia confusão. Sentava-me a comer no Denny’s ou no Big Boy sozinho. Era triste.”
Um dia apanhou dois adolescentes a discutirem se era mesmo ele ou não. “O Eminem não é gordo”, defendia um deles.