Livros
O novo livro que ensina coisas indispensáveis aos homens — como fugir de um urso
Aprenda ainda a construir uma jangada, combater um jacaré ou como aterrar um avião quando o piloto tiver um problema grave.
Quando vir um destes, comece a fazer barulho.
Chama-se “Livro Perigoso para Homens”, mas, na verdade, o objetivo deste livro é dar soluções para evitar armadilhas e combater perigos a todos os homens.
Nunca se sabe quando é que vai dar jeito construir uma jangada, combater um jacaré, aterrar um avião quando o piloto estiver incapacitado, apanhar uma truta à mão, lidar com um ataque de pânico, tratar uma picada de alforreca ou coser uma bainha, entre outras coisas másculas.
O livro, escrito por Rod Green, foi publicado a 6 de março e tem 208 páginas. A edição da Guerra & Paz está à venda por 15,90€. A NiT reuniu alguns dos sábios ensinamentos incluídos no “Livro Perigoso para Homens”.
Como construir uma jangada (naquelas situações do dia a dia em que é mesmo preciso)
“Estás a meio de uma aventura e decides que precisas de viajar pelo rio em vez de ires a pé. Talvez tenhas carga para carregar, ou um colega magoado para transportar. Ou talvez te apeteça simplesmente mudar de ares. Podes passar dias ou semanas a construir uma fabulosa canoa, ou podes poupar tempo e dedicar apenas umas horitas a construir uma jangada. Se for feita como deve ser, uma jangada é uma construção de engenharia maravilhosamente simples e eficaz que irá com certeza deixar-te satisfeito ao considerares a eficaz equipa que tu e a natureza fazem.
De que vais precisar:
— Uma faca
— Um pouco de corda
— Tronco
— (e talvez uma serra)
Como proceder:
Primeiro, precisas do material básico — troncos. Se tiveres sorte, vais encontrar uma reserva de troncos caídos, todos com a forma e o tamanho certos. Mas o mais provável é teres de ser tu próprio a cortá-los (depois de te certificares de que isso é legal na região onde te encontras). Procura algumas árvores jovens de tamanho médio. És bem capaz de não ter trazido a tua coleção inteira de instrumentos quando começaste a viagem, mas, com sorte, lembraste-te de incluir uma serra de fio no teu kit. Caso contrário, vais ter de continuar a viagem em terra firme apenas.
Decide o tamanho que a jangada vai ter. Dois metros de comprimento e largura deverão ser mais do que suficientes para uma jangada para uma pessoa. Vais precisar de troncos suficientes para os quatro lados da jangada e para o deque.
Começa a construção junto à beira da água. Não vais querer ter de carregar a jangada ao longo de uma grande distância para poderes partir nela. Pega em quatro dos troncos e serra um parte com poucas polegadas de comprimento. Põe dois destes troncos serrados paralelos um ao outro, a pouco menos de um tronco de distância um do outro. Põe os outros troncos serrados para um lado.
Pega em mais dois troncos, estes não serrados, e forma um quadrados com cantos sobrepostos. Amarra os cantos com a corda, começando com um nó de porco e terminando com um nó de mão em cada canto. Estás agora pronto para estabelecer o deque, amarrando cada novo tronco à armação antes de a atares com um nó simples. Os troncos devem ter todos tamanhos semelhantes, mas certifica-te de que quaisquer troncos maiores estão bem distribuídos. Quando o deque estiver pronto, põe os dois últimos troncos serrados sobre as pontas dos troncos do deque. Amarra os cantos como antes, e acrescenta umas amarras extra ao longo do meio da jangada.
Arranja um ramo comprido para dirigires a tua embarcação. Desfruta do teu novo posto de almirante da frota.”
Como evitar lutas através do diálogo (é importante)
“O homem está apenas a uns passos do Neandertal, pelo que não é de estranhar que, de vez em quando, regridamos ao estado de homem das cavernas. Uma palavra equivocada, um olhar mal interpretado, uma cerveja derramada, um momento de inveja… é demasiado fácil esquecermo-nos de que somos cavalheiros civilizados (principalmente depois de uns quantos copos), recorrendo ao invés a um rápido gancho de direita para expressar e comunicar a nossa irritação. Mas a linguagem dos punhos não é uma linguagem à qual o homem moderno deva alguma vez recorrer. Se estiveres entre a espada e a parede numa situação em que os nervos estejam à flor da pele, é preferível tentares usar o diálogo para alcançar a segurança.
Mantém a calma, mesmo se todos à tua volta já a tiverem perdido. Afinal de contas, é isso que fará de ti um homem, segundo Rudyard Kipling. Quando um ‘momento’ tiver terminado, não fiques a remoê-lo. Segue em frente com a tua vida.
Se o teu adversário não parecer disposto a dar ouvidos à voz da razão, tenta não piorar as coisas. Não uses linguagem agressiva. Se quiseres evitar andar à pêra, explica-lhe: ‘Eu não quero arranjar confusões com ninguém’. Não acrescentes ao comentário um insulto como ‘seu gordo, feio, caixa de óculos, imbecil’ ou algo do género. Do mesmo modo, não toques em assuntos controversos. Por exemplo, se tiveres derramado a cerveja do teu adversário, não tentes distraí-lo mudando o assunto para futebol se fores fã do Belenenses e ele tiver uma tatuagem do Benfica na testa. O objetivo é reduzir a tensão, não aumentá-la.”
Como escapar de um urso
“Rupert, Paddington, o Ursinho Pooh — serias com certeza capaz de dar uma sova em qualquer um deles caso vocês tivessem uma discussão por um pote de mel ou uma sanduíche de marmelada. Porém, se apanhares um urso sozinho no meio da floresta, vais sentir-te consideravelmente menos confiante. Como acontece tantas vezes, o teu objetivo principal deverá ser evitar um confronto. Ursos são criaturas meio tímidas por natureza e geralmente não vão à procura de sarilhos. Se te encontrares numa região com ursos, faz um pouco de barulho para anunciares a tua presença.
Podes fazê-lo falando ou cantando músicas e podes até comprar sinos próprios para afastar ursos. Se eles souberem da tua presença, vão tentar evitar cruzar-se contigo. […] Quando chegares a um sítio seguro, faz bastante barulho enquanto segues caminho para reduzir as probabilidades de outro encontro inesperado. [Caso aconteça] o objetivo é mostrares que não tencionas fazer-lhe mal, mas que também és capaz de te defender, por isso não te encolhas. E se a criatura peluda avançar na tua direção, fica onde estás. O mais provável é ela estar a testar-te, pelo que deverá desistir antes de chegar até ti.
Numa fração de segundo, vais ter de tomar uma decisão relativamente à motivação do urso para se aproximar de ti. É predatória (exemplo: ele vê-te como um belo petisco) ou defensiva (cruzaste o seu caminho ou o urso teme pelas suas crias)? Fingires de morto num ataque não predatório só é uma opção com ursos pardos ou polares. Se o ataque for predatório (ou qualquer tipo de encontro com um urso negro), vais ter de contra-atacar. Precisas de o assustar e afugentar, por isso quaisquer armas que tenhas à mão — pedras, ferramentas do acampamento, paus ou o teu próprio corpo. Com um pouco de sorte, o urso vai ficar tão chocado por se encontrar envolvido num confronto físico que vai recuar e deixar-te escapar.”