No último grande papel de Casey Affleck, pelo qual venceu o Óscar de Melhor Ator, em “Manchester by the Sea”, o americano interpretava um tio deprimido, que precisa de cuidar do sobrinho adolescente quando o pai dele (o irmão da personagem de Affleck) morre.
Uma interpretação que não está muito longe do papel que Casey Affleck assume agora em “Luz da Minha Vida”. O filme, protagonizado, escrito e realizado pelo ator, estreia em Portugal esta quinta-feira, 7 de novembro.
Algures entre o drama familiar e o thriller distópico, esta produção conta a história de um homem — apenas mencionado como Pai — que tem como missão na vida ajudar a filha a sobreviver neste cenário praticamente pós-apocalítico.
Este é um mundo onde uma estranha doença dizimou quase todas as mulheres do planeta. Por sorte — ou milagre, mesmo — Rag (Anna Pniowsky) conseguiu salvar-se e vive em constante modo de sobrevivência com o pai (Affleck).
As mulheres são tão poucas que se tornaram muito valiosas e autênticos alvos — os conceitos morais estão cada vez mais turvos e Rag tem mesmo de fingir que é um rapaz no dia a dia, sempre em busca de um local seguro.
Ao mesmo tempo, a rapariga está a chegar à adolescência e a sua individualidade está cada vez mais presente, o que origina mais conflitos com o pai — num mundo em que têm de estar unidos.
A relação entre pai e filha é o elemento que atravessa toda a história, que está atormentada pelo passado trágico — há vários flashbacks da mãe que contribuem para esse efeito. Casey Affleck interpreta, tal como em “Manchester by the Sea”, um homem deprimido e melancólico ao longo de todo o enredo, num ambiente de tensão permanente.
Casey Affleck comentou na estreia no Festival Internacional de Cinema de Berlim, na Alemanha, que tinha começado a trabalhar no guião há dez anos. Este é o segundo filme realizado, escrito e protagonizado por si, depois de “I’m Still Here”, de 2010, que na verdade é um falso documentário, num registo satírico, com Joaquin Phoenix no centro da ação.
O elenco deste projeto de quase duas horas tem ainda Elisabeth Moss, Tom Bower, Hrothgar Mathews, Timothy Webber e Thelonius Serrell-Freed, entre outros.
A maior parte das críticas da imprensa especializada tem elogiado a prestação dos atores protagonistas, mas diz que existem outros filmes do género em que o tema é melhor explorado, com guiões mais originais e acertados.