Se é fã de robôs, naves espaciais, inteligência artificial avançada ou tecnologias futuristas — basicamente, de histórias e filmes de ficção científica —, tem de ver o novo thriller da Netflix, “I Am Mother”, que chegou à plataforma de streaming a 7 de junho.
Foi um dos filmes que passaram ao lado da maioria dos críticos e público especializado no conceituado festival de cinema de Sundance, em janeiro. A Netflix, porém, reparou nele e comprou os direitos para o transmitir em todo o mundo.
É a estreia do realizador australiano Grant Sputore em longas-metragens — com uma narrativa que se prolonga durante quase duas horas. Tem recebido críticas boas e menos boas, mas no Rotten Tomatoes, o site que aglomera as classificações de toda a imprensa, tem um resultado impressionante de 90 por cento de textos positivos — além de uma taxa de aprovação do público de 73 por cento.
Tem sido comparado a filmes como “10 Cloverfield Lane”, “Ex Machina” ou aos vários capítulos da saga de “Exterminador Implacável”, por conter inúmeros elementos clássicos das produções de ficção científica.
O enredo é simples. Uma catástrofe devastou praticamente toda a humanidade, que está à beira da extinção. A história passa-se toda num bunker limpo e de aspeto sofisticado — como em tantas outras narrativas do género.
A Mãe é um robô (cuja voz é interpretada por Rose Byrne) que tem a seu cargo 63 mil embriões humanos. Ela escolhe um para nascer e para cuidar dele e educá-lo. Esse bebé é a Filha (Clara Rugaard), que vive a sua vida como a única humana no planeta Terra, apesar de estar confinada aos corredores labirínticos deste bunker que é um autêntico laboratório científico.
A Mãe é tudo para ela — é o único ser que alguma vez conheceu, aquele que sempre tratou de si e lhe ensinou o que havia para saber sobre o mundo. Ao longo dos anos, porém, uma curiosidade natural desperta dentro da Filha sobre o que haverá além daquele bunker.
Todos os anos, a Filha faz um exame para testar os seus conhecimentos e o seu estado físico. Os testes são úteis tanto para a Filha como para a Mãe, que assim consegue aprender qual é a melhor forma de ensinar uma nova geração de humanos — o objetivo é que, num futuro em breve, possa fazer nascer outro bebé. E assim sucessivamente.
Tudo muda quando numa noite, de repente, entra uma estranha no bunker — as roupas sujas e as feridas causadas por balas revelam que é uma sobrevivente do que quer que seja que se passa lá fora. Essa estranha, que é interpretada por Hilary Swank, é apenas referida como Mulher — mesmo nos créditos que fecham “I Am Mother”.
A Filha deixa-a entrar e a Mulher explica-lhe que os robôs são perigosos — são até a causa para a humanidade estar naquele estado — e que aquilo que ela aprendeu desde sempre não é verdade. Tudo o que ela sabe é mentira.
O que se segue é que a Filha começa a duvidar de tudo aquilo que a sua Mãe robô lhe ensinou, apesar de também questionar o que aquela estranha lhe está a contar. Não sabe em que há-de acreditar e nós, espectadores, ficamos igualmente na dúvida — pelo menos durante algum tempo.
O enredo tem múltiplas reviravoltas nas últimas cenas, quando existem os maiores momentos de tensão e suspense. Não é uma produção com um grande orçamento — e muito menos um blockbuster — mas foi descrito como “bastante sólido” por publicações como, por exemplo, o jornal “The Guardian”, que elogia a representação das duas atrizes. É o suficiente para lhe darmos uma oportunidade.