Tem apenas 21 anos de idade e um de carreira, mas Bárbara Tinoco já aparenta ser a nova sensação da música popular portuguesa. A cantora autodidata, que também toca guitarra, estuda Ciências Musicais em Lisboa (cidade onde nasceu), e promete ter um ano maravilhoso.
Depois de se destacar no programa “The Voice Portugal”, começou a investir a sério na sua carreira profissional. Nas últimas semanas foi confirmada nos cartazes do Rock in Rio Lisboa, MEO Marés Vivas e EDP Cool Jazz.
Tem singles como “Sei Lá” ou “Antes Dela Dizer Que Sim” que somam vários milhões de visualizações no YouTube. O tema com que está a concorrer ao Festival da Canção, “Passe-Partout”, foi composto por Tiago Nacarato e, de todas as faixas, é a que tem mais audiência na mesma plataforma — com mais de 560 mil visualizações.
Bárbara Tinoco vai participar na primeira semifinal do Festival da Canção, que acontece nos estúdios da RTP já este sábado, 22 de fevereiro, a partir das 22 horas. A segunda semifinal está marcada para dia 29 à mesma hora.
O público vai votar a partir de casa, em conjunto com um júri composto por Anabela, Capicua, Conan Osíris, Héber Marques, Isilda Sanches, Miguel Ângelo e Rui Miguel Abreu. Em cada semifinal passam quatro dos oito candidatos. Na final só ganha um: aquele que irá representar Portugal na Eurovisão em maio, nos Países Baixos.
A final da 54.ª edição do Festival da Canção acontece a 7 de março no Coliseu Comendador Rondão Almeida, em Elvas. Os bilhetes estão à venda online e no Posto de Turismo de Elvas, entre os 5€ e os 10€. Como forma de anteciparmos o Festival da Canção, a NiT falou com Bárbara Tinoco, que se espera que seja uma das favoritas a ganhar o concurso da RTP.
“Passe-Partout” é, neste momento, o tema a concorrer ao Festival da Canção com mais visualizações no YouTube. Como é que vê isso?
Fico contente, mas gosto de muitas outras canções e acho que todas temos a mesma probabilidade de ganhar, porque o que vai contar é aquilo que vamos fazer em palco e a entrega de cada um. Acho que é fixe ter muitas visualizações, tanto eu como o Tiago ficamos contentes, mas o que mais vai contar é no sábado [risos].
Como é que surgiu esta colaboração com o Tiago Nacarato?
Somos da mesma agência e já nos temos vindo a conhecer, e eventualmente o Tiago foi convidado e pensou em mim para interpretar a canção dele. Ele escreveu uma canção a pensar no festival, e depois de a ter pensou qual é que seria a voz mais fixe para a interpretar e fui eu a sortuda. É uma canção muito fixe, é super divertida, e eu acho a letra mesmo incrível, por isso fiquei muito contente que possa pertencer ao meu reportório por muitos anos, espero eu.
Foi fácil tornar esta canção sua, sentiu-se confortável no registo?
A canção está muito dentro do meu estilo, portanto o desafio foi mais… a canção dá para fazer imensas coisas, dá para interpretar de imensas formas. E foi encontrar a que servia melhor a canção e acho que encontrámos a fórmula mágica.
Ao vivo vai haver alguma alteração na música?
A cantar ao vivo muda sempre qualquer coisa, acho que é impossível cantar sempre exatamente igual, nem que seja porque nos ensaios ficamos cansados de cantar sempre igual. Então fazemos umas variaçõezinhas só porque sim, nem é por nada de especial, mas às vezes essas variações acabam por ser muito genuínas.
No vídeo no YouTube há dezenas de comentários de fãs estrangeiros da Eurovisão a dizer que a música os transporta para o universo mágico da Disney. Tem lido?
Mesmo que eu não tivesse lido, a minha mãe lê todos e faz questão de me informar [risos]. Vou sabendo. A nossa música tem uma linguagem que toda a gente em todos os países conhece, é muito orquestral e a música da Disney é quase toda orquestral e jazzada, por isso sinto que é normal que as pessoas pensem isso, é normal que os transporte para esse mundo, e acho que também é muito isso que vamos fazer em palco. Eu e o Tiago decidimos pintar muito aquilo que a canção pedia de uma forma, digamos, divertida, com elementos super clichés. São clichés divertidos.
Acredita que esta música orquestral possa ser uma vantagem para ter um bom resultado no festival?
Não sei, este acho que é um dos anos com mais diversidade a nível de linguagens musicais, desde hip hop a pop, a músicas do mundo, e é mesmo um ano que tem muito boas canções. Tem muitos géneros diferentes e montes de pessoas se identificam com muitos deste géneros. Há algumas de que gosto mais, e outras que gosto menos, como em tudo, mas por acaso gosto muito da dos Blasted Mechanism, da do Dino D’Santiago, da da Marta Carvalho, da do Jimmy P, e ainda há outras. Portanto, não sei se é uma vantagem. Sei que todos somos diferentes, que ganhe aquilo que for melhor para nos representar.
Pensa que vai ganhar o Festival da Canção? Ou nem sequer pensa nisso neste momento?
Eu e o Tiago temos dito “ganhar pode-se sempre”, a partir do momento em que estamos a concorrer podemos ganhar [risos]. Mas neste momento acho que estou mais preocupada em fazer uma boa atuação e eu sou artista há muito pouco tempo, ainda estou a aprender muitas coisas, e portanto quero mostrar aquilo que cresci neste ano como artista, e representar esta música.
Sábado está quase a chegar. Estes são momentos de ansiedade, de nervosismo?
São momentos de muitos ensaios, suor também. E é afinar os últimos detalhes. Stress e ansiedade vão ser no dia, quando faltarem cinco minutos para eu entrar, que é melhor não comer nada. Que ninguém fale para mim [risos].
Tem algum truque para deixar de se sentir nervosa quando sobe ao palco?
Costumo pensar “estas pessoas estão aqui para te ver, merecem que faças o melhor espetáculo do mundo” e apesar de tudo sou um bocado tímida em palco, quero dar o melhor de mim, mas às vezes sinto que toda a gente está a olhar para mim e agora, além das pessoas que estão no estúdio, toda a gente em casa vai estar a olhar para mim. Tive imensas saudades dessa sensação. E há dois tipos de artistas: aqueles que encaram isto de frente e isso ainda lhes dá mais força, e há os que são como eu, que ficam assim meio tímidos. Mas espero que isso não me retraia nesta atuação e que corra como eu tenho trabalhado para que corra.
Costuma acompanhar o Festival da Canção?
Por acaso vejo todos os anos, se não vir em direto na televisão vou sempre ouvir as canções todas, e sempre gostei porque quando ouvi pela primeira vez “Festival da Canção”, eu era muito nova e gostava de escrever canções e por isso só pelo título fiquei meio conquistada, porque era um festival que celebrava aquilo que eu adorava fazer. Portanto, todos os anos vejo e estou muito contente por fazer parte deste ano.
Só nas últimas semanas foi confirmada no Rock in Rio Lisboa, no MEO Marés Vivas e no EDP Cool Jazz, além de ter esta participação promissora no Festival da Canção. Vai ser o seu ano? Como é que perspetiva os próximos meses?
Acho que este é o ano em que vou aprender mais em toda a minha carreira. Ou se calhar estou muito enganada e vou aprender em todos, mas acho que neste primeiro vou aprender mais e é um ano mesmo para fazer música, que é aquilo de que gosto, para viver esta experiência e fazer a minha cena e esperar que as pessoas gostem.
Estava à espera de ter este sucesso, que as coisas acontecessem de forma tão rápida?
Sinceramente não, não estava à espera de nada, fui ao “The Voice Portugal” cantar uma canção minha e cumpri logo isso na primeira audição, ficou logo tranquilo, vim para casa feliz. E depois não estava à espera que tivesse… fiquei surpreendida de tanta gente gostar de uma canção que eu tinha escrito no meu quarto. E há anos que eu tinha escrito aquela canção. Espero continuar a surpreender as pessoas que gostam do meu trabalho e a fazer coisas novas e boas.
Está a trabalhar num álbum, ou ainda é muito cedo?
Há uma nova forma de ouvir música e eu ainda não sei em qual forma é que me vou inserir. Para já vou lançando música e depois logo se decide isso, se fizer sentido fazer um álbum faço, se nunca fizer não faço, não sei. Ainda estou a descobrir. Perguntam-me daqui a um ano.