Não é um número redondo: há exatamente 49 anos, Neil Armstrong pisava pela primeira vez a superfície da lua. O momento foi testemunhado em direto por 600 milhões de pessoas em todo o mundo, emocionadas com as primeiras palavras do astronauta: “Um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade”. Estávamos em 1969, a NASA tinha sido fundada há nove anos, Keneddy morrera há seis, e ninguém poderia imaginar que aquela frase havia sido preparada muitos meses antes da missão Apolo 11.
A divagação poética de Armstrong, preparada em casa e confidenciada ao irmão (que o revelaria mais tarde numa entrevista), daria origem a uma tendência improvável: meio século depois, as T-shirts da agência espacial norte-americana viraram moda um pouco por todo o mundo. E são muitas as marcas a apostar naquelas quatro letras ou na frase eternizada entre o ruído das frequências e a misteriosa estática do espaço. Houve quem chegasse a acreditar que a frase, de tão perfeita e aparentemente espontânea, fosse da autoria de um publicitário. Afinal estávamos na era dos Mad Men, os publicitários loucos e geniais da Madison Avenue, em Nova Iorque.
Armstrong estava longe desse frenesim, a quase dois mil quilómetros, na Flórida. Estava para entrar na fase final da preparação, em Cape Canaveral, na Flórida, quando fez uma visita ao irmão, Dean. Certa noite, enquanto jogavam “Risco”, Armstrong entregou-lhe um papel manuscrito. “‘Lê isto’, disse-me o meu irmão”, recordou Dean Armstrong num documentário da BBC sobre o primeiro homem na lua. “Naquele pedaço de papel estava a frase ‘é um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade’. Era fabulosa.” “Achei que poderias gostar, mas queria que fosses tu a ler”, respondeu finalmente Neil.
A frase parece saída de um génio da publicidade, mas daria origem a várias polémicas e décadas de estudos. Um dos mais curiosos teve a ver com a ausência do artigo “um”, na parte em que o astronauta refere “pequeno passo para um homem”, que tiraria o sentido da frase. A outra estava relacionada com a eventual mentira do irmão de Armstrong. No documentário “First Man: A life of Neil Armstrong”, o astronauta norte-americano diz que se lembrou da frase quando terminou a lista de verificações pós-aterragem e preparava a primeira caminhada do homem na lua. “Assim que pousamos na lua, e ao perceber que estava tudo controlado, tive finalmente algumas horas para pensar”, disse Neil.
Espontânea ou não, pensada na lua ou na terra, escrita por um copy de publicidade ou por um astronauta, a verdade é que a frase se tornou uma das citações mais importantes da história da humanidade. A ponto de, meio século depois, ainda ditar as tendências da moda: é o caso das T-shirts com a sigla da agência norte-americana, com o símbolo, ou simplesmente com a frase impressa. Não falta gente a passear estilo nos festivais de verão com a história escrita no peito. E, claro, as marcas de fast fashion encontraram mais um filão.
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