2019 foi particularmente negro para a marca de lingerie mais famosa do mundo, Victoria’s Secret. Tudo começou no ano anterior, quando o icónico desfile anual da marca americana, a 8 de novembro, teve críticas avassaladoras.
O Twitter encheu-se de comentários que mostravam o desagrado pelo facto de a passerelle não ter modelos transgénero e plus size. Pior: as críticas foram acompanhadas de fracas audiências — o número mais baixo desde 2001. Na altura, Ed Razek, diretor de marketing da marca, veio a público afirmar que não pretendia incluir tais manequins no espetáculo. “Não acho que possamos representar todos os consumidores. O show é uma fantasia para o entretenimento”.
A declaração foi incendiária e levou a que o diretor emitisse um pedido de desculpas logo no dia seguinte. Nesse mesmo, a marca começou a mudar um pouco de rumo, ao contratar, em agosto, a modelo brasileira Valentina Sampaio — primeira transgénero a participar em campanhas da marca.
Porém, não seria o fim das polémicas. Apenas alguns dias depois, o Instagram “Diet Prada”, que tem mais de um milhão e meio de seguidores e conhecido por ser gerido por pessoas influentes do mundo da moda (embora em anonimato), lançou mais um escândalo: a Victoria’s Secret estava a plagiar a marca britânica Agent Provocateur na nova coleção de outono.
A cadeia não reagiu à acusação, mas acabou por cancelar o espetáculo anual, marcado para o dia 21 de novembro. “O desfile foi uma parte muito importante da construção deste negócio, foi um aspeto importante da Victoria’s Secret e uma conquista notável de marketing. E com isso dito, estamos a descobrir como avançar no posicionamento da marca e melhor comunicá-la aos clientes”, disse o vice-presidente da empresa, Stuart B. Burgdoerfer.
Foi apenas este ano, ainda antes da pandemia, que a marca decidiu seguir um rumo diferente daquele a que nos tinha habituado. No dia 23 de janeiro, a Victoria’s Secret partilhou uma fotografia nas redes sociais com nove modelos de várias nacionalidades, tons de pele e com diferentes tipos de corpos. A primeira coleção do ano foi lançada com tamanhos do XXS ao XXL.
No entanto, como a Internet não vive sem polémicas, a campanha recebeu algumas críticas. Por um lado, foi apontado o facto de não ter sido a Victoria’s Secret a contratar modelos da campanha, mas sim a Bluebella; depois, várias pessoas no Twitter criticaram o facto de a marca categorizar um tamanho L como plus size.
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Publicado por Victoria's Secret em Domingo, 9 de agosto de 2020
Neste domingo, 9 de agosto, a marca voltou a publicar um fotografia com uma modelo plus size que se tornou viral em menos de 24 horas. Apesar de alguns comentários negativos, com seguidores a referirem que o peso da modelo não é saudável, ou que tem um tamanho normal para a mulher habitual norte-americana; a maioria dos comentários são positivos e parecem indicar que finalmente a marca acertou.
“Acho que ela está ótima! Adoro ver modelos de todos os tamanhos, de petite a plus size”, lê-se num comentário no Facebook. “Ela é linda e uma mulher real. Obrigada Victoria’s Secret em todos os tamanhos”, lê-se noutra nota. No Instagram, a publicação já tem mais de 277 mil likes e dois mil comentários, em menos de um dia.
A modelo em questão é Devyn Garcia, uma manequim ainda relativamente desconhecida, agenciada pela State Management New York. A sessão fotográfica pretende mostrar o novo soutien da marca, o Wireless Push-up Bra, da coleção Incredible by Victoria’s Secret. Custa 37,70€.