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Bordado de Castelo Branco considerado Património Cultural Imaterial

A arte tradicional da Beira Baixa remonta ao século XVII. Está inscrita no inventário para que a tradição seja preservada.
Mais um passo.

O Bordado de Castelo Branco, reconhecido como um mais emblemáticos do País, passou a integrar o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI). A decisão do Instituto Público do Património Cultural foi formalizada num despacho publicado no Diário da República, na quinta-feira, 20 de fevereiro.

Tradicionalmente, o Bordado de Castelo Branco é elaborado sobre linho caseiro, utilizando fios de seda natural e a técnica conhecida como ponto de Castelo Branco, anteriormente designada como bordado a frouxo. Esta técnica confere ao tecido uma textura rica e um efeito tradicional, que realça os motivos decorativos.

Os temas dos bordados refletem influências orientais e indianas, retratando motivos vegetais, como a árvore da vida, cravos, figuras humanas, vasos, albarradas e diversos animais, incluindo aves. 

Esta inscrição sublinha “a importância da manifestação do património cultural imaterial e respetivo saber-fazer enquanto prática identitária da comunidade albicastrense, com destaque para as bordadeiras”, refere o despacho.

Apesar da sua longa tradição, que remonta a colchas portuguesas dos séculos XVII e XVIII, o Bordado de Castelo Branco só se tornou proeminente no final do século XIX, “durante a visita do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia à cidade, aquando da inauguração da linha da Beira Baixa”, recorda o Instituto Público do Património Cultural.

Na primeira metade do século XX, a produção deste bordado voltou a ganhar relevo com a realização de exposições que destacavam as colchas históricas de Castelo Branco, cujos desenhos eram elaborados por debuxadores utilizando pena e tinta ferrogálica. Durante este período, surgiram diversas escolas e oficinas dedicadas à reprodução deste saber-fazer. Um exemplo é a Oficina Casa-Mãe, fundada por Elísio José de Sousa. Após o seu encerramento na década de 70, foi criada a Oficina-Escola de Bordados Regionais no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, que se tornou uma importante unidade de investigação.

Em Castelo Branco existe ainda um museu dedicado a esta arte manual. O Centro de Interpretação do Bordado procura contribuir para a valorização, recuperação, inovação e promoção do Bordado de Castelo Branco, que se afirma como um símbolo da cidade e do concelho, além de ser uma forma de expressão artística singular.

A inscrição destaca ainda “as ameaças e riscos que podem comprometer a viabilidade futura deste saber-fazer, nomeadamente o reduzido número de bordadeiras atualmente, o que coloca em risco a transmissão intergeracional desta arte, bem como a dificuldade em obter matérias-primas de qualidade, entre outros desafios”.

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