São 11h50 de segunda-feira, 1 de junho. Dentro do Colombo, o maior centro comercial do País, a maior parte das lojas encontra-se encerrada. Não era para ser assim, mas o aumento do número de casos de Covid-19 na região levou o governo a adiar o regresso a 100 por cento dos shoppings de Lisboa e Vale do Tejo, previsto para este Dia da Criança, após mais de dois meses encerrados devido à pandemia do novo coronavírus.
Apesar do percalço, a NiT foi passar o dia ao centro, para ficar a conhecer as medidas de proteção implementadas pelos responsáveis do Colombo e por cada uma das lojas do shopping.
O centro é o mesmo, porém, com as medidas de proteção implementadas parece um novo espaço. “Bem-vindos ao novo Colombo”, acolhe-nos Paulo Gomes, diretor do centro comercial, entre risos. Estamos na porta norte.
Muitas são as pessoas que se aproximam, param, colocam a sua máscara de proteção e entram no centro. As portas, encontram-se abertas, para não ser necessário tocar-lhes. Outros, perguntam aos seguranças se é necessário colocar uma máscara. Cada vez que alguém entra, ou sai, por qualquer uma das portas de acesso, é feita uma contagem automática. A equipa de segurança recebe esses dados a cada 15 minutos. O objetivo? Fechar as portas, caso o número máximo de pessoas permitidas no centro — 10.500 — seja atingido, e permitir a entrada apenas consoante as saídas, explica Paulo Gomes.
“Pensei que as lojas já estavam abertas e vim ao Colombo para ir ao Toys ‘R’ Us comprar um presente para a minha filha”, refere Josy Cruz, de 41 anos, à NiT. “Agora vou ao Continente e compro lá”, indica a mulher, explicando que há sempre um pouco de receio em frequentar espaços fechados atualmente.
Ao todo, foram investidos mais de 100.000€ por parte do Colombo em medidas de proteção. Entre elas, contam-se sinalética de circulação, doseadores de gel automáticos, e sinalética nos bancos de descanso. O centro, que esteve sempre em funcionamento, tem ainda máquinas de vending de máscaras, viseiras, luvas, lenços de papel e gel desinfetante.
Os painéis com o mapa do local foram desativados: “Eram muito utilizados pelos nossos clientes, e isso levava a que muita gente tocasse na mesma superfície. Agora, a informação e o mapa encontram-se no nosso site. É ainda possível ver qual a ocupação do centro com um sistema de semáforo.”
Caminhamos pelos corredores, muitos deles vazios, e as diferenças são notórias. Há agora vários autocolantes colados no chão, indicando para que se caminhe pelo lado direito, evitando assim cruzamentos próximos entre pessoas. Já nos bancos de descanso, fitas autocolantes mostram onde é possível sentar-se, e a distância (de mais de dois metros) a respeitar.
O mesmo se passa com as escadas rolantes, os degraus que devem ser utilizados têm o desenho de duas solas de sapatos; entre eles, quatro vazios. As poucas lojas abertas, como a MEO, Worten, ou o Continente, atendem atrás de acrílicos, desinfetam constantemente os balcões e, em alguns casos, têm seguranças à porta, permitindo a entrada faseada, e deitando gel desinfetante nas mãos de cada cliente, antes de entrarem.
“Queremos que as pessoas não tenham medo de vir. Arrisco-me a dizer que o ar aqui dentro do centro é mais puro do que na rua. O nosso sistema de renovação de ar introduz ar fresco a cada dez minutos”, refere o diretor do Colombo.
Reinier Kuipers é sócio-gerente do Look Good, um espaço de solário, massagens e outros tratamentos de beleza. “Não sabemos quando podemos abrir. A nossa época alta é de março a meados de junho, vai ser um ano muito difícil. E é pena, porque o solário é o mais seguro, os raios UV matam os vírus”, explica, acrescentando que estão preparados para abrir assim que possível. No interior da loja, encerrada ao público, está colocado um acrílico no balcão de atendimento, ao lado de um dispensador de álcool de 90 por cento. Quanto às máquinas de solário, serão desinfetadas após cada utilização.
A Perfumes & Companhia também se preparava para abrir esta segunda-feira. Das 150 lojas da marca, apenas as de Lisboa que se encontram dentro de centros comerciais, estão ainda encerradas.
“Implementámos sinaléticas para o distanciamento social e o sentido de circulação, os testers não estão acessíveis, não há, por agora, serviços de maquilhagem em loja, os TPA são desinfetados após cada utilização e o uniforme dos funcionários é utilizado apenas durante o expediente”, explica-nos Isabel Costa Cabral, diretora de marketing do grupo.
Para permitir que os clientes possam cheirar ou testar os perfumes, é agora necessário chamar um funcionário que irá ajudar no processo, garantindo que não toca nos frascos ou embalagens. Com funcionários em lay-off, a maioria das lojas ainda encerrada e com dois meses e meio bastante atípicos, Isabel Costa Cabral garante: “As quebras foram muito superiores aos 80 por cento de que se fala.”
Os mesmos problemas são enfrentados pela também portuguesa Parfois. Junto do novo espaço da marca, Parfois Closet — pensado ainda antes da pandemia —, Vicky Sensat, diretora de marketing da empresa, partilha as mesmas preocupações.
“O setor foi todo afetado. E nós fomos dos primeiros a fechar e a colocar toda a gente em lay-off”, refere, apesar de as vendas no online se terem mantido consistentes. A empresa desenhou ainda um protocolo de segurança rígido.
Além do já usual, que verificámos em todos os espaços, a Parfois encerrou os provadores, as peças oriundas de devolução ou trocas entram num período de 48 horas de quarentena, e no caso dos óculos de sol, as clientes que os queiram experimentar devem pedir a um funcionário da loja, que os desinfeta antes e após a utilização.
Outra das grandes preocupações dos comerciantes prende-se com as rendas. De momento, as rendas dos espaços que são obrigados a estar encerrados encontram-se suspensas. “Vamos tentar resolver tudo com base no diálogo. Sempre resolvemos os problemas assim, com diálogo entre a gerência do centro e os lojistas. Mas provavelmente iremos precisar de mais ajuda. De incentivos. E precisamos que os consumidores percebam que é seguro regressar ao centro”, clarifica o diretor Paulo Gomes, que garante que o caso de cada uma das 320 lojas será analisado individualmente.
Apesar de “o impacto não ser igual para todos”, não há ainda registo de nenhum espaço comercial que não pretenda voltar a abrir, ou que tenha falido. De acordo com o diretor, o cinema NOS, que ponderava reabrir nesta segunda-feira, só o fará em julho.
O espaço de restauração continua ainda encerrado. No food court, é possível observar as cadeiras inclinadas para a frente, não sendo assim possível sentar-se nas mesas. Alguns espaços, como o KFC, McDonald’s e Pans & Company encontram-se abertos, mas em regime de take-away.
A Pizza Hut, no entanto, já recebe os seus clientes dentro do restaurante, permitindo que se sentem em mesas que estão afastadas. Albertina Gonçalves tem 54 anos, mora em Belas, mas trabalha bem perto do Colombo.
“É a primeira vez que venho ao centro desde a quarentena. Vim almoçar à Pizza Hut. Sabia que o resto das lojas estava encerrado, mas até estão mais coisas abertas do que aquelas que pensava”, conta à NiT.
Albertina Gonçalves explica que desinfetou as mãos à entrada da pizzaria, retirou a máscara apenas para comer, e que se sentiu segura, uma vez que a distância entre mesas e os poucos clientes presentes, estava a ser respeitada.
Descemos ao piso 0 e algumas pessoas circulam naquela que é a área que tem mais espaços abertos, entre eles a Fnac, a MEO e a Bertrand. José Viegas, um morador do Lumiar, está a visitar o Colombo pela segunda vez desde a passada semana.
“Vim à Security Center por causa de umas chaves. Na semana passada vim pelo mesmo e também para ir ao supermercado. Ando sempre de máscara, por isso não tenho muito receio.”
De seguida, carregue na galeria para ver como se encontra atualmente o Colombo.