“O governo não tem tomates para fechar os restaurantes.” A frase é de Ljubomir Stanisic e foi proferida numa entrevista por Skype à TVI este sábado, 14 de março. Não foi preciso muito para se tornar numa hastag, #tomates, e partilhada por muitos colegas do setor como forma de protesto.
Em causa está o facto de o governo não decretar o encerramento de estabelecimentos que não sejam de primeira necessidade, onde se incluem os restaurantes. Outro dos problemas é que os espaços não estão cobertos por um regime legal que lhes permita estar fechados e de alguma forma receber algum apoio por parte do Estado.
Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, revelou ao mesmo canal que o governo já tinha atuado ao limitar a lotação dos espaços para um terço. Já em entrevista à NiT, Ljubomir Stanisic explicou que era “ uma medida limitada por si e uma falsa medida”.
Não demorou muito para que o chef alterasse a foto de perfil do Facebook onde aparece com uma T-Shirt branca apenas com a tal hastag, #tomates, escrita. Vários colegas juntaram-se à iniciativa e partilharam imagens idênticas nas suas redes sociais.
“Passamos a vida a enfrentar dificuldades, independentemente se fazemos TV, se somos capas de revistas e jornais (…). Somos profissionais aplicados, trabalhamos para despertar sentidos, somos pela hospitalidade, chamamos turismo, somos válidos.”, escreveu Joe Best este domingo, 16 de março.
#tomatesGostem ou não da maneira como os cozinheiros pensam, se estamos cagados de dinheiro (não é o caso), se somos…
Publicado por Joe Best em Domingo, 15 de março de 2020
Leopoldo Garcia Calhau, Hugo Nascimento e Daniel Cardoso, foram alguns que se juntaram a este movimento. Ainda na tarde desta segunda-feira, será feita uma reunião entre Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, e a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
À NiT, outros chefs mostram preocupação fase à falta de medidas e ao impacto que a Covid-19 pode ter no setor da restauração. “Penso que o cenário será devastador se não se agir rapidamente, creio que não existe restaurante em Portugal capaz de sobreviver se tiver de assumir todos os encargos”, disse Rui Silvestre, do estrela Michelin Vistas, no Algarve, que se encontra encerrado devido ao surto.
Fábio Alves, do restaurante Suba do Verride Palácio Santa Catarina, espera “grandes dificuldades a curto prazo, esperando que a longo prazo possamos estar a falar de tempos de recuperação”.
“Acho que poderíamos estar todos mais informados, existe muita desinformação e isso assusta. Acho que o Estado devia assumir que temos todos de fechar e ajudar a encontrar soluções rápidas”, explicou Alexandre Silva, responsável pelas cozinhas do Loco e do Fogo.