Quando todos pensavam que o chef Kiko Moya estava apenas concentrado em manter as duas estrelas Michelin e os três sóis do Guia Repsol no L’Escaleta, em Alicante, o espanhol voltou a surpreender com algo inesperado. O cozinheiro abriu um restaurante clandestino em Madrid, onde se vivem “experiências completamente imersivas”.
“A que sabem as cores?” Este é o nome da carta de apresentação de Sinestesia, que abriu, sem grandes alaridos, no início de 2024. Serve apenas um menu de degustação que custa 270€ e alimenta apenas 16 pessoas de cada vez. As propostas são preparadas pelo chef Moya, que em Alicante é conhecido por apostar numa cozinha intimista e regional, sempre com um lado inovador.
Em Madrid não fugiu ao seu estilo e criou uma viagem gastronómica inspirada no arco-íris e que tem como ponto de partida o mistério. Pode parecer confuso, tendo em conta que se trata de um espaço de um chef conceituado. Mas tudo faz parte da experiência.
É verdade que a expressão “jantar imersivo” se tornou uma espécie de chavão na indústria e que, muitas vezes, é usado de forma incorreta. Hoje, tudo serve para “criar uma experiência imersiva para o cliente”. Mas ainda há projetos que seguem o conceito à risca. Aliás, não só o seguem, como o elevam a outro patamar.
O Sinestesia, como o nome indica, é uma proposta para a imersão em planos sensoriais diferentes. Nas primeiras imagens divulgadas foi possível perceber que ali não seria feita apenas mais uma refeição digna de estrelas Michelin. Havia todo um espetáculo envolvente, numa mesa única cheia de cores com projeções que mudam ao longo da refeição, cenários no teto e paredes que levam os clientes para outros lugares e até a utilização de realidade virtual.
A ideia do Sinestesia partiu de uma combinação de fatores que inspiraram o chef , sobretudo vindas de conversas com pessoas de várias áreas que à partida pouco teriam a ver com a restauração: ilusionistas, coreógrafos, músicos, realizadores ou engenheiros. Assim se iniciou a viagem que viria a culminar num espetáculo gastronómico.
A refeição apresentada por Kiko Moya está dividida em sete momentos, cada um inspirado numa cor. “Todos temos uma memória individual e coletiva com respeito aos sabores e aos aromas. O vermelho pode ser uma melancia, ou a lembrança da fruta num verão, ou mesmo um tomate muito maduro. Tentamos estimular aquelas lembranças que já fazem parte de nós”, explicou o chef à revista “Consumidor Global”.
Da mesma forma, o violeta brinca com a beterraba e o salmorejo, enquanto o azul desafia um camarão e o verde envolve um húmus de alcachofra. Para completar o arco-íris, o chef incluiu o amarelo associado a um arroz popular em Alicante e o laranja em homenagem a um ovo de ouro. A sobremesa é inspirada em todas as cores e apresentada numa dança acompanhada com imagens coloridas.
Tudo isto é acompanhado com uma harmonização vínica, com seis referências, que termina com um cocktail final, “muito doce e colorido”. O Sinestesia está aberto de quarta a domingo, ao meio-dia e à noite. A opção sem harmonização, ou seja, acompanhada apenas com água custa 190€.
Como lá chegar
Para conhecer o Sinestesia terá de voar até Madrid, mais precisamente para o Aeroporto de Madrid Adolfo Suarez-Barajas. A partir de Lisboa consegue voar por 45€, do Porto por 61€ e de Faro por 118€. Assim que aterrar pode apanhar um metro, que o levará até Nuevos Ministérios. Assim que chegar tem de dirigir-se à estação de autocarro com o mesmo nome, que fica a quatro minutos a pé. Depois apanha o 147 em direção Barrio del Pilar e basta sair em Cuatro Torres e andar três minutos a pé até ver as fachadas envidraçadas do restaurante.
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