Yuga aterrou pela primeira vez no Porto em 2012, depois de receber um convite para colaborar no projeto artístico Manobras no Porto. A viagem foi curta mas o japonês de 28 anos haveria de voltar à cidade que “retém a magia que as outras capitais europeias já perderam”. De regresso ao Porto conheceu André e juntos uniram as duas culturas, portuguesa e japonesa, num espaço que pretendem ver aberto a debates, tertúlias, arte e petiscos. Muitos petiscos, com ingredientes bem portugueses e confeções asiáticas — mas não só.
Da primeira martelada à inauguração, a 5 de setembro, passaram quase dois anos. O atraso justifica-se de forma simples e rápida.
“Fomos nós que fizemos tudo, mesas, cadeiras, até o trabalho de trolha”, diz à NiT o sócio português.
O Conversas Vadias é um projeto pensado por André Barbedo, decorador de 41 anos que convenceu Yuga a largar o restaurante onde trabalhava para se dedicar à fusão das cozinhas dos dois países, no 130 da Rua do Comércio do Porto, longe da agitação da Baixa mas bem perto do centro da cidade.
“As pessoas estão fartas das Galerias de Paris que parecem um São João sem martelinhos. Querem beber um copo em sítios mais sossegados e este é um desses sítios”, explica André.
Não esteja à espera de pratos complicados e de uma enorme variedade de opções. A carta divide-se em capítulos, da introdução aos petiscos — servidos em duas doses, pequena ou média — às bebidas. Com lugar fixo na ementa vai encontrar ceviche (3,5€/7€), o húmus de abacate (3,5€/6€), takoyaki tuga (3€/5,5€) — polvo frito à japonesa com um toque português de sardinha ou chouriço —, salada de pepino (2,5€/5€) e, finalmente, a famosa bifanapreparada com soja e saquê(3,5€).Para acompanhar, há uma selecção de vinhos de pequenos produtores, que podem ser bebidos a copo ou a garrafa.
Esta espécie de fusão de cozinhas foi uma das primeiras ideias de André, até porque as duas dietas usam muitos dos mesmos produtos. A bifana, temperada à moda japonesa, foi uma das ideias que Yuga trouxe à cozinha, onde o próprio confeciona todos os petiscos. Além da ementa fixa, todos os dias são inscritos no quadro de ardósia os pratos do dia, para que não falte variedade à hora da refeição. E para provar há opções tão improváveis quanto uns chicken nuggets temperados em vinho do Porto ou nabo marinado em vinho tinto com miso.
Comida à parte, Yuga e André querem mesmo é que os clientes conversem. “Política, arte, o que quiserem”, explica o artista plástico japonês. O nome, embora inspirado num acaso, assenta de forma perfeita no conceito. Foi precisamente naquela rua da Ribeira que morou Agostinho da Silva, conhecido filósofo e protagonista de um velhinho programa que foi para o ar em 1994, na RTP2. Quando André esbarrou com esta coincidência, percebeu que estava encontrado o nome.
“Não queremos fazer concorrência ao DOP nem ao rei do prato do dia [numa alusão às tascas da zona]. Queremos estar no meio. Aqui, toda a gente é bem-vinda, desde a mulher a dias ao arquiteto famoso.”
Carregue na imagem acima para conhecer o espaço e alguns dos pratos que vai poder provar.