Durante quase dez anos, trabalharam na livraria Bulhosa do Centro Comercial Amoreiras, onde se conheceram e começaram a namorar. No ano passado, Nuno Andrade, 44 anos, e Patrícia Assis, 35, saíram da livraria e a 31 de janeiro abriram um café em Lisboa — sem nunca se esquecerem dos livros. (Recorde o artigo da NiT sobre os outros cafés literários de Lisboa).
A Espuma dos Dias fica no bairro da Estefânia, em Lisboa, e vai buscar o nome precisamente a um livro, do escritor francês Boris Vian, publicado em 1947 e que deu origem a um filme realizado por Michel Gondry em 2013.
“A espuma não tem a ver com a superficialidade a que muitas vezes é associada, mas sim com a leveza dos dias: um espaço agradável onde as pessoas possam estar descontraídas a beber um chá ou uma cerveja”, diz Patrícia Assis à NiT.
Por ali também há salgados e vários produtos de pastelaria — pode comer scones, simples, com manteiga ou doce (entre 60 a 80 cêntimos); mas também uma tigela de sopa, que varia todos os dias (entre 1,10€ e 1,70€). Há ainda croissants, sandes, torradas e tostas que podem levar queijo, fiambre, presunto ou doce. Para beber, tanto há chás como sumos naturais, café, refrigerantes, cervejas, vinho, licores, gin, whisky, vodka ou martini.
O espaço do café era um antiquário que esteve fechado durante cerca de três anos antes de se tornar a Espuma dos Dias. A decoração foi toda pensada pelo casal e é um processo constante, para que os clientes se sintam mais em casa.
“Todos os dias levamos alguma coisa nova.”
A peça de decoração que chama mais a atenção é um velho piano de parede, encostado a um poster de “Trainspotting”. Sabemos o que está a pensar e, não, não é possível tocar nele, até porque está “completamente desafinado”. Foi um instrumento que Nuno Andrade encontrou quando foi ajudar um amigo alfarrabista a carregar livros.
“Conseguimos chegar a um valor simpático. Pensámos logo em pô-lo no café e é uma das maiores atrações.”
Também há uma prateleira carregada de livros, que os clientes podem ler, e uma série de molduras pessoais. Tanto pode encontrar uma fotografia do músico Jorge Palma na Bulhosa como um retrato de Nuno Andrade, quando era bebé, ao colo da sua bisavó.