Marvila está a tornar-se numa zona trendy de Lisboa. Se achava que o único ponto de interesse daquela parte da cidade era a Fábrica Braço de Prata, saiba que por lá se pode fazer escalada indoor no Vertigo, aprender os melhores truques de parkour na nova Spot Real ou praticar o desporto da moda na box CrossFit. Em Marvila, ainda se experimenta o novo brunch da cidade no Café com Calma e as cervejas artesanais da nova fábrica da Dois Corvos.
A somar a tudo isto e a partir de 4 de fevereiro, vai haver mais um motivo para passar por lá: o El Bulo, o novo restaurante o chef Chakall.
Este é o primeiro restaurante próprio do chef em Portugal — em Berlim, na Alemanha, já tem o Sudaka há três anos. Estaa zona já estava escolhida há muito tempo.
“Sempre pensei que, se abrisse um restaurante em Lisbo,a tinha de ser em Marvila. É a Lisboa do futuro”, diz à NiT Chakall. O chef até já conhece as rotinas da Praça David Leandro da Silva, desde maio de 2015 que passa ali diariamente. “Na Praça existe uma das poucas casas de banho públicas de Lisboa. Todos os dias está aqui um senhor a limpar e a ouvir fado. Isto é outra Lisboa.”
Se pudesse, o argentino comprava todos os armazéns abandonados da zona, “até se fazia um bom hotel aqui”. Apesar da ambição, ficou apenas o do número 9 A. Tem 700 metros quadrados e funcionava como armazém de vinhos onde se colavam rótulos nas garrafas de marcas como Valdor, Vale da Parra e Sanguinhal — ele guardou alguns desses papéis. O novo restaurante chama-se El Bulo, nome que “surgiu logo à primeira” e que “significa ‘a minha casa’ em argentino”.
O chef não gosta muito do termo ‘restaurante’. “Aqui não é um sítio só para se sentar e comer. É um espaço de convívio. Gosto de lhe chamar ‘Social Club’“. É o nome que faz parte do logotipo e que se pode ver nas ementas (que ainda são provisórias) do espaço, logo por baixo de El Bulo.
Neste antigo armazém vai funcionar um restaurante, mas não só. Vai haver um bar, uma loja à entrada e uma zona de dança onde se vão realizar concertos. É também ali que vai ser gravado o novo programa de televisão do chef, que deverá ser na SIC, como aconteceu com todos os outros.
O El Bulo tem 700 metros quadrados e vai funcionar como restaurante, bar, espaço de concertos e até loja
O espaço tem um pé direito enorme. A melhor forma de o decorar foi através de um grande mural, criado pelo amigo e artista plástico António Garcia.
“Ele assina como Há Garcia. Apenas lhe disse que queria algo relacionado com a cultura da América Latina, ele fez o resto. Gostei muito do resultado final.” O painel tem cores fortes, a Nossa Senhora de Guadalupe e várias caveiras mexicanas.
A mesma lógica colorida manteve-se nas cadeiras do restaurante, que estão forradas com padrões vivos. “Comprei-as a 10€ cada uma no OLX. Depois fui com minha mulher a Campo de Ourique para escolher os tecidos e mandámos forrar em Paços de Ferreira”. Há lugar para 50 pessoas, mais 14 no grande balcão em “L, que não é de madeira, nem em pedra, mas sim dekton.
“É um novo material sintético, que não risca, é fácil de lavar e suporta temperaturas até 800 graus.”
O chef voltou a usar o dekton nas bancadas da cozinha, desta vez uma cor mais clara do que no balcão da sala principal. Aqui funcionam duas cozinhas. Além da do El Bulo, também se preparam os pratos da empresa de catering de Chakall, Cozinha Divina, que se mudou da Lourinhã para Marvila. Quando visitámos o espaço, a ementa ainda não estava fechada, mas o chef adiantou-nos quais seriam alguns dos pratos da lista.
“Empanadas e carnes argentinas não vão faltar. Há ceviches, alfajores e alguns pratos com influências de vários países como o bacalhau com pak choy e puré de grão ou o polvo com esparregado de banana.”
Na sala, logo à entrada, estão duas televisões de 65 polegadas. Nos dias de jogos de futebol, ainda será montada uma tela gigante. “Vou criar um menu especial champions com pregos e tricote, um bitoque com mais um ingrediente secreto.”
A partir de fevereiro, este será o espaço ideal para encontrar o chef Chakall, algo que não acontecia nos restaurantes com os quais tinha parcerias. Sim, está no tempo verbal certo: tinha. Nos últimos meses, o chef deixou de ver o seu nome associado ao Volver e ao Blend, ambos em Lisboa — também já fez consultoria no Splendid, no Gerês, ou Gant Gourmet.
“Nunca estava nestes restaurantes, apesar de as pessoas verem sempre o meu nome lá. Não sentia ali o meu sangue.”
Carregue na imagem acima para conhecer melhor o novo El Bulo.